por Cezar Xavier
Publicado 16/01/2022 12:42
Dados do Ministério da Cidadania, divulgados na última terça-feira (11), revelam uma radiografia preocupante da assistência social à famílias empobrecidas pela recessão e os impactos da pandemia, num momento em que a economia precisa de estímulos para crescer. Com o fim do pagamento do auxílio emergencial, criado para amparar a população vulnerável à pandemia, cerca de 27 milhões de famílias ficaram sem ajuda do governo.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, em 1.036 municípios do país, 75% ou mais da população que teve acesso a algum benefício ao longo de 2021 ficou sem atendimento. Essas cidades figuram entre aquelas que mais ampliaram a cobertura de assistência social enquanto vigorou o auxílio emergencial.
Nesses municípios, de 9,1 milhões de pessoas que receberam parcelas até outubro o atendimento caiu para 1,8 milhão no programa social renomeado por Bolsonaro, com um benefício médio de R$ 409 por mês.
Em janeiro, o governo ampliou de 14,6 milhões para 17,6 milhões o número de famílias atendidas pelo Auxílio Brasil, com benefício médio de R$ 409 por mês. A cobertura ainda fica distante do patamar de 4,6 milhões que recebeu o auxílio emergencial ou o Bolsa Família a maior parte de 2021.
Quase 90% dos municípios em que há maior perda de cobertura assistencial são de pequeno ou médio porte, com até 100 mil habitantes. Nesses 1.036 municípios, circularam mais de R$ 1,8 bilhão por mês com os pagamentos do auxílio emergencial e do Bolsa Família até outubro de 2021. Com o Auxílio Brasil, o volume caiu para R$ 722 milhões.
Gestores dessas localidades relataram à reportagem que tem havido enorme procura por programas assistenciais, com poucas chances de entrada em algum cadastro. A fila de entrevistas está acumulada apenas para março.
O impacto deste efeito é menor no Norte (23 municípios) e no Nordeste (1 cidade). As duas regiões têm uma cobertura abrangente do Bolsa Família, o que permite que boa parte dos beneficiários sejam cobertos pelo Auxílio Brasil.
*A região Sul concentra mais da metade das cidades com perda significativa de cobertura assistencial, devido aos critérios criados pelo Auxílio Brasil
Apesar do gigantesco empobrecimento da população com os efeitos da covid e do nível de desemprego continuar em patamares superiores àqueles de antes da pandemia, o ministro da Cidadania, João Roma, considera inadequado comparar o auxílio emergencial com o Auxílio Brasil. Aquele respondia a uma calamidade e este à superação da pobreza. O problema é explicar essa diferença a quem está com dificuldades de colocar comida na mesa e convive com a inflação de dois dígitos dos alimentos.
Roma destacou que o auxílio emergencial teve orçamento de R$ 350 bilhões, enquanto o Auxílio Brasil para 2022 é de cerca de R$ 90 bilhões. Para o resto da população não atendida, diz ele que trabalha para oferecer microcrédito bancário. Ele também promete saltar de 17,6 milhões para 18 milhões de atendidos pelo programa nos próximos meses.
Para receber o auxílio emergencial, a renda familiar não poderia ultrapassar meio salário mínimo (R$550). No caso do Auxílio Brasil, esse limite passou para R$ 210, patamar que o Congresso forçou Bolsonaro sancionar.
Autor: Cezar Xavier
Fonte: Portal Vermelho
17/01/2022